Tchau, Twitter! Oi, Fediverso! 👋
Enquanto o ministro Alexandre de Moraes (também conhecido como Xandão) e o empresário Elon Musk (vulgarmente conhecido como Kiko do Foguete) disputam o destino do X/Twitter (saiba todos detalhes do impasse no RESUMIDO desta semana), o tuiteiro médio já saiu em busca de outras redes onde possa reclamar da vida e acompanhar os memes.
Entre os possíveis substitutos para a antiga rede do passarinho, uma que os usuários adotaram com força nos últimos dias foi o Bluesky (siga o RESUMIDO lá). Curiosamente, a rede foi criada por Jack Dorsey, o cara que inventou o Twitter, lá em 2006. De acordo com a própria empresa, mais de 2 milhões de brasileiros já criaram perfil no Bluesky desde a suspensão do X por aqui.
Assim como muitos de seus concorrentes, como o Threads (que é da Meta, estou lá também), a maior barreira de migração é conseguir replicar o seu social graph (a lista de quem você segue e quem te segue, basicamente). Quem tem a resposta para esse desafio é o Mastodon, que funciona num protocolo chamado Fediverso. O problema é que quase ninguém sabe direito o que é isso.
O que é o Fediverso?
Calma que esta newsletter vai te ajudar a entender onde você se meteu, caso já esteja tuitando (esse vai ser o verbo pra sempre, não tem jeito) em alguma destas redes. O Fediverso (Fediverse, em inglês) é um ecossistema descentralizado de redes sociais e plataformas de comunicação, interconectadas através de protocolos abertos, como o ActivityPub.
Simplificando: é como o sistema de emails. Assim como você pode enviar emails de qualquer provedor para qualquer outro (do Gmail para o Hotmail, etc.), no Fediverso você pode interagir com pessoas em diferentes redes sociais descentralizadas, como se todas fizessem parte de um grande sistema conectado. Assim, tanto um post no Threads (que roda no protocolo ActivityPub) ou no Bluesky podem ser lidos no Mastodon, por exemplo.
Dessa forma, nenhuma grande empresa, bilionário maluco ou governo pode controlar o funcionamento dessas trocas, ao menos não tão facilmente como é hoje. Além disso, nenhuma empresa é dona do seu social graph, o que significa que você pode levar seus seguidores (e quem você segue) para onde você for.
Para quem está usando o Bluesky nos últimos dias, ele tem funcionado praticamente do mesmo jeito que o Xwitter. Tem uma timeline, você segue pessoas, elas seguem de volta, etc. Mas as possibilidades, no caso de uma rede com base no Fediverso, vão muito além.
A descentralização possibilita o uso e interação com a tal "Internet das Coisas", os objetos conectados. Ao contrário das redes centralizadas, cada objeto, seja uma árvore ou um museu, tem uma presença digital própria e personalizada. Essa abordagem promove uma comunicação mais direta e controlada pelos usuários e também redefine o potencial das redes domésticas e públicas em uma era de crescente digitalização.
Existe uma série de questões ainda nebulosas sobre como redes do Fediverso vão lidar com moderação de conteúdo e como influencers e veículos vão se adaptar em espaços tão dinâmicos. Afinal, se é fácil para o usuário "pular" de rede pra rede, carregando o conteúdo consigo, também fica mais difícil controlar o que ele publica. E também o que ele vê, para tristeza de quem trabalha com a produção de conteúdo.
A adoção em massa do Fediverso ainda parece distante. Casos como o bloqueio do Twitter podem acelerar as coisas. Um tweet por vez, independente da rede.
Bits 💾
Telinha. Sua TV te odeia.
Lucrativo. Um banco digital criado pelo PCC movimentou mais de R$8 bi.
Amigo de aluguel. É possível alugar um idoso de companhia pela internet no Japão.
Last Of Us. Fungos estão sendo usados para controlar robôs.
Band-aid. Curativos elétricos podem acelerar a cicatrização.
Maromba. Sim, a IA chegou aos equipamentos de exercícios, como alteres.
IA em LA. Uma análise sobre o vídeo das Olimpíadas de Los Angeles feito com IA.
Bolas. Falando em esportes: o tênis é o esporte do futuro?
Jornalista virtual. Uma agência de notícias venezuelana criou repórteres digitais com IA para evitar perseguição do governo.
Difícil de resolver. Como um Tiktoker criou uma crise do pepino na Islândia.
Olho na torcida. Reconhecimento facial já é realidade nos estádios brasileiros.
Setembro (verde e) amarelo. App brasileiro foca em reduzir de depressão e ansiedade.
Modinha As trends de outono no hemisfério segundo o Pinterest.
Blip. Uma olhada no que foi apresentado na conferência mundial de robôs.
Oriente forte. A China investe pesado em pesquisa sobre tecnologia.
Bon appetit. Vivemos a era dos influencers chef.
Guerra tech. Qual país vence qual, quando o assunto é desenvolvimento de tecnologia? Um instituto australiano de pesquisa tem a resposta.
Falta mais nada: STF e Polícia Federal sofreram um ataque hacker em meio a confusão com o X/Twitter.
Lattes. Sua pesquisa acadêmica pode ter sido usada para treinar uma IA.
Que beleza. Inclusive, o link acima é ótimo para as empresas de inteligência artificial, porque treinar IA com IA dá ruim pra IA.
Kilobytes 📡
Complementando o assunto principal do RESUMIDO desta semana, no cerne da disputa entre Moraes e Musk está o tal debate sobre liberdade de expressão. Neste artigo, Sergio Quintanilha, integrante do grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, debate o que Musk realmente quer dizer quando argumenta sobre esta questão.
Ainda sobre o Twitter, o Bluesky foi adotado por milhões de usuários com o banimento do X/Twitter e mira em ser o que a rede era antes de ser "reformada" por Musk. O Núcleo entrevistou a CEO do Bluesky, Rose Wang sobre os planos para o futuro.
Goste ou não, o X/Twitter é uma ferramenta importante no cotidiano de redações de todo mundo. A LatAm Journalism Review falou com diferentes jornalistas para saber como eles estão lidando com a ausência da plataforma.
Escrevi sobre AI Slop, a avalanche de conteúdo sintético de baixa qualidade que já domina o espaço digital, para a Fast Company Brasil. Nem a música escapa.
Escuta aí!
Uma playlist com curadoria 100% humana, atualizada toda semana, com o melhor do que escutei recentemente.
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