Fakes cada vez mais deep

Se o futuro das democracias passa pelo uso abusivo de deepfakes (como falado nesta edição da newsletter), existe uma questão anterior a ser respondida: chegaremos a um ponto em que deepfakes serão impossíveis de distinguir do que é real?

"Estamos ficando sem tempo. Os modelos de inteligência artificial estão se desenvolvendo em um ritmo que é incrível e razoavelmente alarmante", disse Mike Speirs, da Faculty, uma consultoria britânica sobre IA, para o Guardian. A solução mais simples para isso é uma das coisas mais antigas da história da internet: a boa e velha marca d'água. Se vídeos, fotos e áudios gerados por IA passarem a ter marca d'água, por norma, lei ou mesmo boa prática, do ponto de vista técnico o problema está resolvido. Resta o fator humano.

"Se você avisa uma pessoa que um conteúdo é falso antes dela interagir, a psicologia social envolvida no processo é tão forte que as pessoas ainda falarão como se tivessem visto ou ouvido algo real", aponta Henry Parker, chefe de assuntos governamentais da Logically, empresa inglesa que usa a IA para desenvolver ferramentas que ajudam na detecção de conteúdo sintético. O Deepmind, braço do Google que desenvolve soluções para IA, já tem a sua ferramenta de detecção de conteúdo gerado por IA . Será que basta? Saberemos em breve.

Futuur me convidou para testar a plataforma que funciona como um mercado de previsões, onde você pode apostar no resultado de centenas de eventos como eleições, resultados de jogos, variações na economia, e, claro, avanços tecnológicos. As apostas acabam gerando uma inteligência sobre a percepção geral sobre determinados temas. Você pode apostar com dinheiro fictício ou dinheiro de verdade se humanos vão pousar em Marte até o final de 2024 (só 1% das apostas dizem que sim) ou se a OpenAI vai lançar o ChatGPT 5 antes do final de junho. Apostei que não vai e se você quiser participar, faça sua previsão também.

Kbytes 📡


Estamos dia após dia mais próximos dos filmes de ficção científica no que diz respeito à segurança pública. Esta reportagem da Wired mostra como é o uso de drones no lugar de policiais em uma pequena cidade da Califórnia e dá muitas pistas de como deve ser pensada a estratégia policial a partir de agora, com o uso de IA e robôs (mas sem a direção do Terry Gilliam).

The Age of the Drone Police Is Here
A WIRED investigation, based on more than 22 million flight coordinates, reveals the complicated truth about the first full-blown police drone program in the US—and why your city could be next.

Sou de uma época em que conectar um computador à internet e abrir páginas de algum portal era chamado de surfar na internet. Hoje, quem usa esse termo? Várias das terminologias do universo digital foram mudando ou caindo em desuso, mas usuário, para indicar alguém que usa (!) um software, app ou serviço, perdura desde a criação dos primeiros computadores. É uma palavra eficiente ao descrever a relação homem-máquina ou serviço-consumidor (e já foi apontado que é a mesma terminologia para designar dependentes de alguma substância) Com a chegada das IA e tecnologias de uso imersivo, talvez seja a hora de abandoná-lo e partir para "pessoas", ou "humanos". É o que discute esse artigo do MIT Tech Review.

It’s time to retire the term “user”
The proliferation of AI means we need a new word.

O Google teve o seu algoritmo de busca exposto na última semana e as consequências ainda não estão claras. Os documentos continham mais do que apenas a explicação de como ranquear melhor nas páginas de busca. A 404 Media revela que a empresa xeretava informações que vão de áudios do celular a placas de carro no Street View e outras informações restringidas pelas cláusulas de privacidade do próprio Google.

Google Leak Reveals Thousands of Privacy Incidents
An internal Google database obtained by 404 Media shows Google recording childrens’ voices, saving license plates from Street View, and many other self-reported incidents, large and small.

Bits 💾

Vem aí! Nada como uma boa lista de previsões pra gente conferir, né? A Vox fez uma sobre o que deve ser tendência nos próximos dez anos.

De mudança. O Flipboard (lembra?) está indo para o fediverso.

Aliás... Se você ainda está confuso sobre fediverso, esse sujeito dá um bom exemplo prático sobre como ele funciona.

Novas funções. O LinkedIn tem, aos poucos, se transformado em uma rede para... criadores.

Do Oriente. Mulheres russas tem produzido conteúdo nas redes sociais sobre casamento com homens chineses. A Economist tentou entender este fenômeno.

手田水口廿卜. Excelente texto sobre como a função autocomplete dos teclados foi criada através de uma tentativa de decodificar o chinês em um teclado QWERTY.

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Novo mercado. Muito emprego vai sumir por conta de IA. E muitos outros vão surgir também.

Melhores (nomes de) playlists. Quando você adiciona uma música numa playlist do Spotify, o artista é notificado no lado dele da plataforma. E consegue ver a playlist. A cantora Malinda mostra os melhores nomes de playlists em que as músicas dela foram parar.

Camisetinha do tio. Por que a gen z, através de plataformas como o TikTok, está viralizando camisetas com estampa do Nirvana, Thrasher e afins?

Zero defeitos. A Amazon está usando IA para descobrir erros nos pacotes antes de eles serem entregues.

Gastança. IAs ainda fazem com que usinas de carvão sejam necessárias.

Nas estrelas. Se você se interessa pela nova missão tripulada da Boeing, a Wired mostra como acompanhar.

Novidades. Tudo o que tem de novo no sistema Android.

Novidades (na maçã). A Apple está (finalmente?) entrando no universo da IA.

Pega a visão 👁️

Este é o SubAstian (que belo trocadilho!), robô-mergulhador que voltou no fim de Abril de uma missão exploratória em uma fenda no Oceano Pacífico, na costa chilena, onde encontrou espécies nunca antes vistas em águas profundas. É claro que tem tudo a ver com aquecimento global, como conta o Boston Globe

Escuta aí! 🎵

Uma playlist de curadoria 100% humana, atualizada toda semana, com o melhor do que escutei recentemente.

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Até semana que vem! 🤙