Seu eu digital derreteu 🫠

Seu eu digital derreteu 🫠

Posts pessoais em redes sociais, troca de áudios no WhatsApp, e-mail do trabalho, consulta nas IA. Tudo ao mesmo tempo, agora. De uns anos pra cá, o nosso cérebro enfrenta um desafio sem precedente: se adaptar a uma nova forma de consumir e processar informações.

A revolução dos feeds: do cronológico ao algoritmo

No podcast Calma Urgente!, Bruno Torturra e Gregório Duvivier explicaram como a mudança dos feeds cronológicos das redes sociais para algoritmos personalizados criou uma "polifonia narrativa".

Se antes as informações seguiam uma sequência lógica nas nossas linhas do tempo digitais, agora somos constantemente bombardeados com conteúdos diversos e imprevisíveis, prejudicando nossa capacidade de manter o foco. As narrativas lineares foram substituídas por versões não-lineares, múltiplas e simultâneas de uma mesma história, sem necessidade de coerência entre elas.

Sem foco, passamos mais tempo online, o que favorece as plataformas, que nos bombardeiam com muitos assuntos diferentes por minuto, disparando nossa dopamina em doses regulares, num clico viciante que sempre nos faz voltar e alimenta os seus negócios.

Fragmentação da atenção

Essa fragmentação da atenção também pode ser manipulada e muitas carreiras digitais foram alavancadas explorando essa cacofonia. No caso da cadeirada no Marçal, o coach fez diferentes posts sobre o ataque: se vitimizando, posando de durão, se dizendo perseguido pelo sistema, outro contando como manipulou o establishment.

Parece contraditório, mas é estratégia. Foi só deixar o algoritmo direcionar cada mensagem para seu público específico e atingir uma multidão com recados cruzados – e quase imperceptíveis, já que o algoritmo entrega cada post customizado para o gosto do cliente (as tais bolhas de filtro).

Múltiplas identidades online

Nas redes sociais podemos ser várias pessoas ao mesmo tempo. Curiosamente, em 2010 Mark Zuckerberg defendia o contrário. Ao responder questionamentos sobre privacidade na rede, disse que "ter duas identidades para si mesmo é um exemplo de falta de integridade". Para o fundador do Facebook, os dias de você ter uma imagem diferente para seus amigos, colegas de trabalho e pessoas que você conhece estariam contados.

Ironicamente, o Facebook e Instagram são dois dos principais catalisadores dessa multiplicidade de identidades online. Se a ideia era uma suposta defesa da transparência, em que cada um deveria ser quem é, em qualquer situação (quem se comporta da mesma maneira me todos os ambientes?), o resultado prático foi justo o oposto, com a multiplicação de personagens digitais.

O impacto na leitura

A neurocientista Maryanne Wolf, em entrevista ao podcast de Ezra Klein, alertou como essa fragmentação da atenção afeta nossa capacidade de leitura e reflexão. Wolf observa que momentos de leitura profunda e sem distrações, como durante voos, quando estamos desconectados, resultam em pensamentos mais valiosos, algo raro em nosso cotidiano tecnológico.

Já a predominância da leitura digital nos conduz a um estado de superficialidade que compromete nossa capacidade de reflexão crítica. Não por acaso, leituras em livros físicos, não em telas, são mais benéficas para crianças.

Entre o superficial e o profundo

A solução seria alternarmos entre a leitura superficial do ambiente digital – uma realidade inescapável do mundo moderno – e a leitura profunda necessária ao pensamento crítico. Como diz a máxima dos memes: um pouco de "droga", um pouco de "salada". Equilíbrio é tudo.

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Bits 💾

Bet. Uma servidora pública usou dados de pais de alunos para fazer apostas online [G1] [ouça o ep. especial "Vai dar m*rda com as bets, pode apostar!"]

Mais do mesmo. A lua de mel com o Bluesky não vai muito longe [Núcleo]

Vício. Você fica, aleatoriamente, procurando imóveis à venda na internet? Você não está sozinho [BBC Brasil]

Produção. Sprints de produtividade podem ser a receita do sucesso para ajeitar o que está atrasado [LifeHacker]

Desprezível. Para o autor de "O Teste do Psicopata", Elon Musk é "o resumo da crueldade" [The Independent]

No RESUMIDO #285: Formatos tecnológicos do passado ressurgem, a inteligência artificial conquista o Nobel e as redes sociais recriam velhas táticas de engajamento. O MiniDisc e as fitas K7 voltam à cena, cientistas da IA recebem o Nobel por avanços em aprendizado de máquina e biologia computacional e no Thread ressurge a tática de engajamento através da raiva. Será que o futuro é nostálgico? Escute agora o episódio da semana!

Power bank. Com o apagão em São Paulo, moradores apelaram para a bateria do carro para conseguir usar Wi-Fi [UOL]

Exclusiva. Podcasts estão marcando entrevistas com executivos para conseguir reuniões de trabalho [Bloomberg]

Recuperado. Depois de sofrer um ataque hacker, o Internet Archive voltou a funcionar, com restrições [Canal Tech]

Nicho. Boatos no X são a nova realidade da extrema-direita [The Atlantic]

Sem apagão. O Google quer comprar usinas nucleares para abastecer as suas IA [The Guardian]

Mande o CV. Um cara usou um bot para se inscrever em milhares de vagas de emprego e emplacou 50 entrevistas [X/Twitter]

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Direto do ep. #285: falei no RESUMIDO sobre como fazer para passar música do celular para um MD. Pois o tutorial que a The Verge disponibilizou está aqui. Tudo ideia dos caras do Minidisk.Wiki.

Recurso. Bloquear ou silenciar aquela pessoa mala no Whatsapp? Entenda a diferença [G1]

Vigilantes. Falando em zapzap, extremistas de direita na Índia estão usando o app para converter hindus ao cristianismo [Rest of World]

Break Free. O algoritmo do Spotify matou o prazer de descobrir músicas novas [MIT Tech Review]

Fantasma. As IA podem ler textos que a gente não consegue nem ver [ARS Technica]

QWERTY. Como usar o teclado do celular de maneira mais inteligente [New York Times]


Mandaê! 🫶

Sempre recebo ótimos links e sugestões de ouvintes. Várias dicas entram nos episódios. Agora essa newsletter terá um espaço só para suas dicas! Envie um email (brunonatal@resumido.cc) e me conta o que você está lendo, ouvindo, assistindo, jogando, quais apps, sites e equipamentos tem usado (de preferência, inclua seu nome e sua @, LinkedIn ou site para ser creditado).

Dica do Fernando Ticon:

"No ep. #285 do RESUMIDO, o Bruno reclamou da ausência de players só pra tocar músicas, sem distrações, como eram os iPods. Existe um movimento grande no mercado de audiofilia de marcas chinesas com players cheios de funcionalidades, potência para fones exigentes, e codecs bluetooth modernos. Os da Hiby e os da FiiO são legais e vale a pena conferir fones intra-auriculares de marcas como KZ, Moondrop, QKZ e Tinhifi, disponíveis no Brasil por US$ 20 a US$ 50, com qualidade de som superior a algo que costumava custar US$ 1.000. O canal brasileiro Mind the Headphone tem muitas dicas."

Kilobytes 📡


Editores voluntários da Wikipedia lançaram o WikiProject AI Cleanup. O grupo quer proteger a integridade da plataforma, identificando e removendo a proliferação de artigos e imagens criados por IA que podem enganar os leitores. Um exemplo é um artigo detalhado sobre uma fortaleza otomana inexistente. [resumido.cc]


Figura controversa das redes, Caroline Calloway virou manchete ao desafiar as ordens de evacuação e permanecer em sua casa na Flórida durante o furacão Milton. Mesmo muito criticada, sua atitude aumentou a venda dos seus livros. Outros influenciadores seguiram o exemplo e produziram conteúdo em meio à tempestade para atrair visualizações e, em alguns casos, lucrar, numa busca de engajamento durante um desastre natural. [resumido.cc]


A eutanásia ganhou um novo capítulo com o primeiro uso da cápsula Sarco, dispositivo desenvolvido pelo ativista australiano Philip Nitschke. O projeto causa polêmica, já que o inventor planeja automatizar a avaliação de capacidade mental dos pacientes, um processo que hoje ainda depende de médicos. [resumido.cc]


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Pega a visão 👁️

Falei no RESUMIDO desta semana sobre o retorno do MD e do K7. Para os saudosistas, este site reuniu diversos modelos de fitinhas para paquerar o design, os rótulos, as marcas, etc.

Antes de ir embora...


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